A década de 1990 foi marcada por uma intensificação do processo de institucionalização de vários aspectos da sociedade brasileira, dentre eles o campo da ciência e da técnica. Este fato decorreu de muitos elementos inerentes ao contexto político brasileiro de final do século XX e foi, certamente o processo de redemocratização da sociedade brasileira atrelado ao resgate de um Estado Civil que garantiram os avanços necessários à consolidação da modernidade no país.
Da mesma maneira, no campo da ciência geográfica, assistiu-se à expansão e diversificação de pesquisas e da pós-graduação, reflexo direto das novas perspectivas oficiais da educação e da ciência e tecnologia do país. Os cursos de especialização na área de geografia se multiplicavam, o campo de atuação dos geógrafos alargava seus horizontes em várias modalidades de consultorias, os sistemas de avaliação do ensino se aprimoravam e, com isso, surgem condições profícuas para os pesquisadores da climatologia brasileira debaterem a criação de um espaço institucional, uma entidade que pudesse congregar os objetivos e os ideais presentes até então de forma esparsa em todo o Brasil. A realização de três edições do Simpósio Brasileiro de Climatologia, respectivamente nos anos de 1992 (I SBCG/Rio Claro), 1996 (II SBCG/Presidente Prudente) e 1998 (III SBCG/Salvador) aprofundaram, tornaram claras e concretas, a perspectiva da criação de uma associação, a criação da ABClima.
AABClima (Associação Brasileira de Climatologia) surge assim nesse contexto de efervescência e transformação, de ampliação dos horizontes geográficos. Fundada durante o IV SBCG - Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, realizado nas dependências do CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da cidade do Rio de Janeiro - de então, ela materializou a luta de um importante grupo de cientistas e pesquisadores da climatologia brasileira, os quais assinaram a lista de criação, presente nos site no campo de documentos históricos. Os debates acerca da criação dessa instituição tiveram inicio, de maneira tímida, com a realização dos Simpósios Brasileiros de Climatologia Geográfica iniciado no começo daquela década que, ao crescerem e se intensificarem, aglutinando cada vez mais interessados na ciência da atmosfera, tornaram explicita a necessidade da sua criação. Numa reunião prévia ao IV SBCG realizada no Laboratório de Climatologia da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, da qual participaram cerca de quinze colegas de várias partes do Brasil e coordenada pela Profa Ana Maria Brandão, foram delineados os principais objetivos e elementos constituintes da nova entidade; uma minuta de estatuto foi elaborada e, ao ser submetida e debatida no plenário do evento, constituiu o primeiro documento necessário à institucionalização da entidade. Nas fotos históricas estão os registros dessa reunião.
Nascida sob o nome de SBClima - Sociedade Brasileira de Climatologia - a entidade teve que, por motivos estritamente legais e rapidamente, alterar seu nome para ABClima - Associação Brasileira de Climatologia, o que permanece até o presente momento. A Professora Ana Maria Brandão (UFRJ) foi eleita a primeira presidente sendo que, nos biênios seguintes, o cargo foi exercido pelos Professores Francisco Mendonça (UFPR), João Lima Santanna neto (UNESP/PP), José Bueno Conti (USP), Emerson Galvani (USP), Washington Assunção (UFU) e Charlei Aparecido da Silva (UFGD).
A perspectiva fundamental da criação da ABClima constituiu-se no objetivo de garantir a reunião dos estudiosos da climatologia no país, promovendo sua qualificação científica embasada no debate permanente, condição necessária para atingir a excelência do conhecimento produzido. Ela almeja, ao mesmo tempo, a defesa dos interesses da área, em articulação com outros campos do conhecimento e com a sociedade em geral.